O médico Werner Rempel (PPL) falou, na tarde desta terça-feira, com o Diário. Em seu quinto mandato como vereador, o parlamentar diz já ter as duas prioridades para a sua gestão frente à Casa do Povo para este ano. Rempel afirma que buscará a conclusão da obra do novo prédio do Legislativo, parada desde o começo do ano, e a obtenção de recursos para a modernização da TV Câmara.
Conhecido por utilizar a Tribuna da Casa para discursos eloquentes, Rempel se mostra tranquilo quanto ao novo desafio. Com a serenidade que lhe é habitual, o parlamentar, conhecido por ser comedido, não nega a alegria pela "tomada" da Mesa Diretora, ao romper com o acordo governista, que vinha sendo mantido desde 2009 pelos apoiadores de Cezar Schirmer (PMDB), na Câmara.
_ Agora, nós, somos situação dentro do Legislativo. O outro grupo, que representa a prefeitura, pode-se considerar oposição, aqui, na Câmara _ afirma Werner.
Por pouco mais de 30 minutos, Werner, uma das vozes mais moderadas e respeitadas do Legislativo, comentou sobre o acordo que garantiu a inesperada conquista da Mesa Diretora e, por consequência, dos 18 cargos com os mais altos salários da Câmara.
De militante do MR-8 a vice-prefeito de Santa Maria
Na sala da Presidência da Câmara, Werner fala, tendo à sua frente um quadro de Tiradentes, feito pelo artista santa-mariense Eduardo Trevisan. Tiradentes é considerado o ícone do PPL. O partido foi fundado em 21 de abril de 2009, data que remete ao dia da execução do ativista político da época do Brasil Colonial. Werner é um dos vice-presidente do PPL gaúcho. Mas ele já foi militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8), organização armada de orientação socialista, que combatia a ditadura militar.
Também militou no PMDB, por mais de 20 anos, e foi filiado ao PT. Em seu quinto mandato, Werner contabiliza uma passagem pelo Executivo, quando foi vice-prefeito, de 2005 a 2008, na gestão do petista Valdeci Oliveira.
Em 1994, foi candidato a deputado estadual pelo PMDB quando, à época, fez pouco mais de 7 mil votos, não sendo eleito para o cargo. Para este ano, ele deve buscar, novamente, uma vaga à Assembleia Legislativa.
Confira abaixo, a íntegra da entrevista com Werner:
Diário de Santa Maria - Até o dia da votação da Mesa Diretora, que ocorreu em 26 de dezembro, era improvável que o senhor vencesse a eleição. Foi com os trio dos governistas dissidentes que o senhor obteve a vitória. O Executivo já disse que não os considera mais governistas. O senhor considera que eles serão, de fato, oposição a partir de agora?
Werner Rempel - Eu não sei o que eles farão. No dia em que nós nos reunimos, eles demonstraram muita vontade de permanecer na base do governo e muita vontade de mudar em relação ao grupo de vereadores que eles faziam parte. À medida que o Executivo exonerou os seus cargos de confiança (em referência aos 9CCs dos parlamentares Anita Costa Beber, Deili Granvile e Tavores Fernandes), foi dada uma declaração de guerra do Executivo em relação aos três. Acho que houve uma inabilidade do Executivo em toda essa condução. Até porque o Executivo poderá perder a maioria na Câmara, a partir de agora. A oposição, a partir desse episódio (eleição da Mesa Diretora), poderá ter maioria na Câmara.
Diário - Essa ampla articulação feita pelo senhor que acabou cooptando os governistas dissidentes não preocupa, logo mais, os mesmos vereadores darem as costas ao acordo feito e buscarem refúgio junto ao governo?
Werner - Tudo é possível. Entretanto, nós temos dois fatos que não contribuem para que eles (os governistas dissidentes) não queiram voltar (à bancada governista). O primeiro é a demissão dos CCs (cargos em comissão) deles (Anita, Deili e Tavores). O segundo fato foi a declaração do candidato governista João Kaus (PMDB)"